PT e PSDB racharam no Estado e líderes das duas siglas se dividiram entre Ricardo Coutinho, do PSB, e José Maranhão, do PMDB
Andrea Jubé Vianna - O Estado de S.Paulo
O segundo turno da eleição para o governo da Paraíba está tão concorrido que uma parte da coordenação nacional de Dilma Rousseff foi enviada ao Estado para alavancar a campanha da petista. Os dois candidatos ao Palácio da Redenção - José Maranhão, do PMDB, e Ricardo Coutinho, do PSB - apoiam a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas nenhum deles pede votos ou se empenha na eleição dela.
O presidente do PT, José Eduardo Dutra, e o deputado Ciro Gomes (PSB) desembarcaram em João Pessoa na última quarta-feira. Chegaram separados e não se encontraram - cada um seguiu para seu lado, ou melhor, para o lado de seu candidato. Dutra participou de comício do peemedebista Zé Maranhão, enquanto Ciro declarou apoio a Coutinho, seu correligionário.
O ex-prefeito de João Pessoa Ricardo Coutinho e o atual governador, José Maranhão, travam uma disputa bastante acirrada pelo governo do Estado. Uma diferença de apenas 8,4 mil votos - menos de 1% - impediu a vitória do socialista ainda no primeiro turno.
Aliado tucano. Embora ambos representem partidos aliados a Dilma Rousseff, Ricardo Coutinho se coligou ao PSDB, que indicou o vice de sua chapa, o deputado federal tucano Rômulo Gouveia. O socialista também conta com o apoio da principal liderança tucana na Paraíba, o ex-governador cassado Cássio Cunha Lima. Ele se elegeu senador, mas acabou barrado pela Lei da Ficha Limpa.
Na verdade, PT e PSDB racharam na Paraíba e lideranças das duas siglas se dividiram entre Ricardo e Maranhão. Por isso, o deputado federal reeleito Luiz Couto, do PT, um dos mais votados do Estado, não acompanhou o presidente de seu partido, José Eduardo Dutra, no evento de José Maranhão em Mamanguape, a 70 km de João Pessoa. Couto optou por manifestar apoio a Ricardo Coutinho que, por sua, vez, trocou o PT pelo PSB em 2000, depois que o partido lhe negou a legenda para disputar a prefeitura de João Pessoa.
Para não despertar "ciúmes" nos aliados, Dilma preferiu não visitar a Paraíba. Em contrapartida, a determinação em derrotar os tucanos também nas disputas regionais levou o presidente Lula a gravar participação no horário eleitoral pedindo votos para José Maranhão.
Entre os "ricardistas", no entanto, a percepção é de que o presidente acabou por prejudicar Dilma. Ex-filiado ao PT, Ricardo Coutinho carrega consigo o eleitorado do PT no Estado, que ficou magoado com Lula. No Estado, a imagem de Maranhão ainda é associada ao governo Fernando Henrique Cardoso, de quem foi ferrenho aliado.
Bandeiras. Amarrado ao PSDB, Ricardo omite-se e não pede votos para Dilma em seus eventos, o que irritou José Eduardo Dutra. Dutra telefonou para o presidente do PSB, Eduardo Campos (governador de Pernambuco), cobrando providências. Campos, então, escalou Ciro Gomes para apagar o incêndio.
No comício realizado na última quarta-feira em João Pessoa, acompanhado pelo Estado, Ciro pediu votos para Dilma e acabou vaiado pelos eleitores do PSDB. "Eu sei que tem gente aqui que apoia o candidato do PSDB. Mas eu apoio e peço a todos votos para Dilma, sempre respeitando os eleitores do Serra", discursou. Em seguida, Ricardo falou por mais de meia hora, sem mencionar a petista.
Mas a aliança PSB-PSDB produz cenas curiosas: nos comícios de Ricardo Coutinho, as bandeiras de Dilma e Serra são agitadas lado a lado. Para não deixar que a imagem apareça no horário eleitoral e confunda o eleitor, o animador do Trio Pancadão - trio elétrico que anima os comícios de Ricardo - pede aos eleitores para abaixarem as bandeiras e levantarem as mãos, fazendo o "V da vitória". Estratégia para, literalmente, "não dar bandeira" na propaganda eleitoral.
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