Deputado eleito afirma que, por ter lesão na mão, foi auxiliado pela mulher para escrever documento no qual afirma ser alfabetizado
Bruno Tavares, de O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - O palhaço Tiririca, eleito deputado federal pelo PR com 1,3 milhão de votos, admitiu que não redigiu sozinho a declaração à Justiça Eleitoral na qual afirma ser alfabetizado. Em sua defesa, entregue segunda-feira ao juiz Aloísio Silveira, da 1.ª Zona Eleitoral de São Paulo, Francisco Everardo Oliveira Silva, Tiririca, alega que sua mulher o ajudou a escrever o documento.
Segundo ele, os anos de atividade circense causaram lesão que dificulta a aproximação do dedo indicador ao polegar.
A confissão de Tiririca confirma laudo do Instituto de Criminalística, elaborado a pedido do promotor eleitoral Maurício Antonio Ribeiro Lopes. Peritos do IC concluíram que "o autor dos manuscritos examinados possui uma habilidade gráfica maior do que aquela que ele objetivou registrar ao longo do texto da declaração". No dia 1º deste mês, o promotor apresentou à Justiça pedido de cassação do registro de Tiririca sob a acusação de falsidade documental e ideológica.
Também embasam a defesa de Tiririca laudos e pareceres de fonoaudiólogos e psicólogos. As opiniões dos especialistas contratados pela defesa analisam suposta dificuldade de dicção dele - e seus reflexos -, além de tratar sobre as consequências que a origem familiar humilde teve em sua formação educacional.
Em setembro, Tiririca já havia sido alvo de denúncia do Ministério Público por suposta fraude ao dizer, em entrevista, que seus bens estavam em nome de terceiros. Recordista na arrecadação de verba de campanha em seu partido, o palhaço declarou à Justiça Eleitoral não ter bens em seu nome. Na reportagem, Tiririca alegou que não tem nada em seu nome por conta de processos trabalhistas e de ações movidas pela ex-mulher.
Procurado ontem, o advogado de Tiririca, Ricardo Vita Porto, não quis se manifestar sobre o teor da defesa apresentada à Justiça Eleitoral - justificou que o processo corre em segredo de Justiça. Porto assevera que seu cliente é alfabetizado e que ele não cometeu crime eleitoral.
Assim que receber os autos do Ministério Público, o juiz deve decidir se absolve Tiririca sumariamente ou se inicia a fase de instrução do processo.
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