Carrizález teria alegado motivos 'estritamente pessoais'
Claudia Jardim
De Caracas para a BBC Brasil
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, aceitou a renúncia do vice-presidente e ministro da Defesa do país, Ramón Carrizález, que alegou razões “estritamente pessoais” para deixar o cargo.
Em um breve comunicado transmitido pelo canal estatal, a ministra da Comunicação, Blanca Eekhout, disse que Chávez "aceitou a renúncia", reiterando que a decisão do ministro foi motivada por questões pessoais.
"Aproveitamos a oportunidade (...) para agradecer e reconhecer publicamente o esforço e compromisso que manteve durante toda a sua gestão o vice-presidente Executivo", disse Eekhout.
A renúncia de Carrizález e de sua esposa, a ministra do Meio Ambiente, Yubirí Ortega, foi anunciada horas antes por meio de um comunicado difundido pela imprensa local.
No comunicado, Carrizalez se desvinculou de qualquer mal-estar entre ele e o governo, ao afirmar que sua renuncia não corresponde a "nenhuma discrepância com o Executivo e que qualquer outra versão sobre o caso é falsa e tendenciosa".
O nome do novo vice-presidente ainda não foi anunciado. De acordo com a Constituição do país, no caso de ausência do presidente venezuelano, a presidente do Congresso, Cília Flores, assume o cargo interinamente.
De acordo com o jornal venezuelano El Universal, de Caracas, o general Carlos Mata Figueroa seria o substituto de Carrizález no Ministério.
Explicações
Fontes próximas ao Palácio de Miraflores disseram à BBC Brasil que duas hipóteses estão sendo consideradas para explicar a saída de Carrizález.
Uma delas é que ele teria discutido com um ministro durante reunião de gabinete, e o presidente venezuelano, Hugo Chávez, teria dado razão ao ministro, desautorizando o vice-presidente.
Outro rumor é de que Yubirí Ortega teria tido uma dura discussão com Chávez, o que teria motivado a renúncia do casal.
Coronel retirado do Exército, Carrizález foi nomeado vice-presidente em 2008, logo após a derrota do governo no referendo que propunha uma ampla reforma constitucional. Na época, analistas consideraram que a nomeação de Carrizález representava um giro conservador no gabinete de Chávez.
A renúncia de Carrizález ocorre em meio a um momento de crise interna para o governo Chávez, provocada pela crise energética e de fornecimento de água que pode comprometer o desempenho dos candidatos do partido governista nas eleições legislativas de setembro.
Além disso, a oposição voltou a sair às ruas em protesto contra a saída do ar do canal RCTV, que junto a outras quatro emissoras, teve seu sinal cortado no domingo, por desacato a uma nova normativa que regulamenta os canais nacionais de tevê a cabo.
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