Cerca de 3,5 milhões de exemplares de periódicos, entre eles, 'A Província de São Paulo', ficarão em prédio na zona portuária
Bruno Boghossian / RIO - O Estado de S.Paulo
Um acervo de 3,5 milhões de exemplares de jornais e revistas vai contar os últimos 200 anos da história do Brasil em uma nova unidade da Biblioteca Nacional na zona portuária do Rio. A instituição espera receber recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para organizar uma coleção de peças raras, como edições do Diário Oficial do Império e exemplares dos primeiros periódicos do País.
A verba pedida, cujo montante não foi divulgado, será usada para reformar um prédio que já pertence à biblioteca, mas que precisa passar por adaptações para receber o peso do acervo gigantesco de jornais e revistas. O objetivo é criar ali uma hemeroteca - nome dado às coleções de periódicos e publicações seriadas. Atualmente, a coleção de jornais e revistas está armazenada em 17 quilômetros de prateleiras, divididas entre o edifício da zona portuária e a sede da biblioteca, na Cinelândia, centro do Rio.
Além de obras impressas no início do século 19, fazem parte da coleção edições de jornais que marcaram a história do País, como A Província de São Paulo (que passou a se chamar O Estado de S. Paulo em 1890), Última Hora e Jornal do Brasil.
"O prédio-sede está com sua capacidade de armazenamento esgotada nos armazéns de obras gerais e de periódicos. Ainda há espaço para novas aquisições somente nas áreas de acervo especial, compostos por obras de iconografia, cartografia, manuscritos e obras raras", afirma Mônica Rizzo, diretora do Centro de Referência e Difusão da Fundação Biblioteca Nacional.
Todos os meses, cerca de 4 mil novos exemplares de periódicos se somam ao acervo - uma vez que os editores são obrigados por lei a enviar uma cópia de suas publicações à Biblioteca Nacional, que é a responsável pela preservação da memória bibliográfica do País. A instituição guarda desde grandes periódicos a jornais de bairro, de cidades do interior, de grupos religiosos, de sindicatos e de comunidades de imigrantes.
Projeto. O financiamento está sendo analisado pelo BNDES e não há previsão para a inauguração do prédio, mas a Biblioteca Nacional já faz planos para a hemeroteca. No novo espaço, o público teria acesso a parte das peças originais, além do material digitalizado ou microfilmado. Desde a década de 1980, a instituição coordena um programa nacional para gravar as páginas de periódicos em microfilme - o que poupa espaço e facilita a preservação do material.
O prédio da região portuária tem 15 mil metros quadrados e foi construído em 1946 para abrigar um armazém de grãos do Ministério da Agricultura. A Biblioteca Nacional adquiriu o edifício na década de 1970, mas ainda não conseguiu realizar as modificações necessárias para que o espaço pudesse abrigar o acervo.
História
9 milhões
de peças compõem o acervo da Biblioteca Nacional
de peças compõem o acervo da Biblioteca Nacional
60 mil
títulos de periódicos fazem parte do acervo da instituição
títulos de periódicos fazem parte do acervo da instituição
1810
é o ano de fundação da Real Biblioteca no Rio
é o ano de fundação da Real Biblioteca no Rio
1910
foi o ano de inauguração do prédio principal da Biblioteca Nacional, na Cinelândia, centro
foi o ano de inauguração do prédio principal da Biblioteca Nacional, na Cinelândia, centro
PARA LEMBRAR
Revitalização da região inclui museus e obras
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A zona portuária do Rio passa por um processo de revitalização que deve levar museus, prédios públicos e sedes de empresas a uma área que hoje é considerada degradada. O projeto Porto Maravilha prevê para os próximos anos a construção do Museu do Amanhã, do Museu de Arte do Rio, do Aquário do Rio e do novo prédio do Banco Central. Estão em andamento obras para adaptar a infraestrutura da região. Nos próximos dias, deve ser divulgado o resultado da licitação da segunda fase do projeto, que contempla a reforma e a manutenção da área pelos próximos 15 anos, com valor máximo de R$ 8 bilhões. O Porto Maravilha prevê ainda a demolição de parte do Elevado da Perimetral, que margeia a região.
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