Alfredo Junqueira - O Estado de S.Paulo
A entrevista estava confusa. A orientação dos aliados políticos para que Dilma Rousseff se aproximasse dos eleitores e da imprensa tornou inevitável o empurra-empurra. A petista acabara de falar de suas propostas para a Baixada Fluminense quando o governador Sérgio Cabral, no meio da confusão, lhe disse ao ouvido: "Já falou o propositivo, Dilma. Está de bom tamanho, né."
O temor era que viesse alguma pergunta difícil, mas Dilma não seguiu de imediato o conselho. A entrevista tinha começado havia menos de dois minutos. A petista respondeu a mais uma pergunta. Sobre economia. Quando veio o questionamento sobre a polêmica do aborto e os problemas com parte do eleitorado evangélico, no entanto, ela seguiu a recomendação de Cabral. Virou as costas e foi embora sem responder.
"Acabou. Agora, acabou", determinou o governador e dublê de assessor de imprensa, antes de sair do local levando a petista. A entrevista durou exatos três minutos e vinte segundos. Dilma não falou mais com a imprensa.
No dia seguinte a sua consagração nas urnas, Cabral anunciou que aquela era sua última eleição. Disse não ter nenhuma intenção de disputar a Presidência. Nem como candidato a vice.
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