no Josias de Souza
Convertido por Dilma Rousseff em em personagem involuntário da peça eleitoral, David Zylbersztajn veio à boca do palco nesta terça (12).
Ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo na era FHC, Zylbersztajn foi aos lábios de Dilma no debate de domingo, na Bandeirantes.
Ela o apresentou como “principal assessor energético” de José Serra. Em tom acusatório, acusou-o de defender a “privatização do pré-sal”.
Em nota, Zylbersztajn esclarece que nem é assessor de Serra nem defende a venda da riqueza pré-saleira à iniciativa privada.
“A candidata (ou quem a assessora) delira, talvez motivada por assombrações que lhe assomam, vendo uma privatização a cada esquina”, anotou.
No último parágrafo da nota, Zylbersztajn serve-se de uma expressão do livro Crime do Padre Amaro, de Eça de Queiroz.
Escreve que o autor atribui confusão análoga à “má fé cínica ou obtusidade córnea”.
Zylbersztajn diz suspeitar que, no caso de Dilma, sucede um misto dos dois fenômenos. Vai abaixo a nota:
“Durante o debate da Rede Bandeirantes, ocorrido no último domingo, dia 10, a candidata do Partido dos Trabalhadores, sra. Dilma Rousseff referiu-se a mim de forma inverídica e tendenciosa, induzindo, deliberadamente, o eleitor ao erro. A mesma afirmação tem sido repetida nos programas eleitorais.
Em primeiro lugar refere-se a mim como assessor do candidato do PSDB, José Serra. Devo esclarecer que não sou, nem nunca fui assessor do candidato.
Mais grave, afirma que declarei ser a favor da privatização do pré-sal! A candidata (ou quem a assessora) delira, talvez motivada por assombrações que lhe assomam, vendo uma privatização a cada esquina.
As declarações recentes sobre o assunto (e que encontram-se devidamente registradas em áudio e vídeo) foram dadas em seminário realizado pela Revista EXAME, no Rio de Janeiro, há cerca de uma semana.
Na qualidade de expositor, defendi a manutenção do atual sistema de concessões também para as futuras licitações, sejam elas no pré-sal, ou fora dele. As áreas do pré-sal, contém, como seria de se esperar, petróleo e gás, os mesmos existentes nas áreas fora do pré-sal.
O modelo de partilha proposto, na minha opinião, é danoso aos interesses do país, por motivos diversos, que não cabem explicar em detalhes neste momento. O pior deles refere-se à criação de uma estatal para comprar e vender petróleo.
Além do mais, a proposta é danosa à Petrobras, que, queira ou não, será obrigada a participar de todos os campos do pré-sal, seja isto de seu interesse, ou não.
Por fim, nunca é demais lembrar que o exitoso modelo de concessões foi implantado a partir da Lei do Petróleo, a partir de 1999. Durante o governo FHC foram realizados 4 leilões sob este regime (num dos quais foram licitadas as áreas do pré-sal). No governo do PT foram 6.
Ou seja, se este é um modelo privatizante, foi aplicado de forma bem sucedida e permanente pelo governo do qual fazia parte a candidata Dilma, inclusive na qualidade de Ministra de Minas e Energia.
Por fim, este episódio faz-me lembrar de um trecho da introdução do "Crime do Padre Amaro", de Eça de Queiroz, onde para uma situação semelhante, o autor afirmava tratar-se de ‘má fé cínica ou obtusidade córnea’. Neste caso, suponho tratar-se de ambas. Esta é a verdade”.
David Zylbersztajn
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