Medida foi suspensa para o restante do país.
Correa disse que acabará com grupos paramilitares na polícia
O governo do Equador anunciou neste sábado que irá manter o estado de exceção na capital Quito, pouco mais de uma semana após a rebelião policial que deixou pelo menos oito mortos e quase 300 feridos.
O ministro equatoriano de Segurança, Miguel Carvajal, afirmou que a medida foi tomada para que "as Forças Armadas continuem protegendo instalações importantes e oferecendo serviço à instituições como a Assembleia Nacional", disse Carvajal.
Vigente desde a quinta-feira da semana passada, quando a polícia protagonizou violentos protestos, o estado de exceção já havia sido estendido na terça-feira, a pedido do Congresso equatoriano.
Com esta decisão, a Polícia Legislativa, normalmente encarregada de proteger o Parlamento, permanecerá afastada desta instituição.
Golpe
Em gravações feitas pela TV da Assembléia Nacional, as quais a BBC Brasil teve acesso, se vê policiais impedindo a entrada dos deputados ao Parlamento no dia da rebelião policial. Os parlamentares que insistiam em entrar, pulando os portões, eram atacados do outro lado com gás pimenta e bombas de gás lacrimogêneo.
No lugar dos policiais, as Forças Armadas desde 30 de setembro encarregadas da segurança da capital, continuarão atuando.
A rebelião policial foi vista pelo governo, pela Organização de Estados Americanos e pela Unasul como uma tentativa de golpe de Estado.
Correa permaneceu sitiado em um hospital militar em Quito, quando foi agredido a pedradas e bombas de gás lacrimogêneo, depois de uma fracassada tentativa de negociação com os policiais.
O setor reivindicava a suspensão da Lei de Servidores Públicos, que de acordo com a polícia, elimina benefícios antes concedidos pelo Estado.
Paramilitar
A rebelião, no entanto, ganhou proporções de enfrentamento armado. Durante o resgate de Correa, houve um tiroteio entre militares e policiais. Um dos seguranças do presidente foi morto.
"Aqui houve uma tentativa de desestabilização do regime democrático e quando viram que isso falhou, quiseram assassinar o presidente", voltou a afirmar o presidente Rafael Correa, durante seu programa sabatino Enlace.
O líder equatoriano, que chegou a admitir que houve "falhas gravíssimas" em seu serviço de Inteligência, disse que a Polícia passará por um processo de reestruturação. Segundo Correa, um grupo paramilitar chamado GAP (Grupo Armado Policial) opera dentro da instituição.
"Não permitiremos que aqui se formem grupos paramilitares", afirmou o presidente.
Pelo menos 260 pessoas estão sendo investigadas pelo Ministério Público sob acusação de terem participado da rebelião policial. De acordo com o governo, pelo menos 46 pessoas estão presas, entre elas, Fidel Araujo, ex-militar e militante do partido opositor Sociedade Patriótica, do ex-presidente equatoriano Lucio Gutiérrez. Araujo aparece nos vídeos gravados durante os incidentes entre os rebelados.
Correa voltou a acusar a Lúcio Gutierrez e seu partido de estarem envolvidos nos "planos de desestabilização" do governo.
Ouvido pela BBC Brasil, Gutiérrez negou qualquer participação na crise
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