Diego Salmen
Do UOL Eleições
Em Rio Branco (AC)
Quem chega a Rio Branco pelo Aeroporto Internacional da cidade, logo se depara com uma profusão de bandeiras vermelhas. Hasteadas sobre enormes varas de bambu espalhadas ao longo da BR-364 e da Av. Ceará, representam o poder do PT no Acre, Estado governado pela sigla há 12 anos seguidos. Se depender da previsão das pesquisas de intenção de voto, o petista Tião Viana deve dar continuidade a esse legado e assumir o Palácio Rio Branco com uma vitória já em primeiro turno.
A conversa é outra quando se trata da disputa presidencial. Segundo a última pesquisa do Ibope, divulgada em julho o tucano José Serra liderava no Estado, com 34% das intenções de voto, contra 32% da petista Dilma Rousseff e 19% de Marina Silva, do PV. Três meses após a divulgação da sondagem, UOL Eleições foi às ruas e conversou com alguns dos mais de 470 mil eleitores acreanos para medir a temparatura da batalha pelo Palácio do Planalto.
Marina e Serra dividem os votos dos 15 entrevistados pela reportagem, que ouviu Dilma ser citada apenas uma vez, como opção em um eventual segundo turno contra o tucano. Do flanelinha aos empresários, todos em Rio Branco demonstram interesse em falar sobre o assunto —nenhuma das pessoas ouvidas mostrou-se indiferente ao processo eleitoral.
"Eu vou de Marina. Ela é a mais preparada, tem tudo certo", diz o segurança Elisaldo. "Eu espero, como acreana, que a Marina supreenda", afirma a professora Euna Silva, que acredita em uma votação acima da esperada para a candidata do PV no Estado ao final deste domingo (3). Nas conversas, foi possível observar fenômenos dois bem definidos: os que apoiam Serra o fazem por não gostarem da administração petista no Acre, e os que apoiam - ou rejeitam - Marina tomam essa atitude por indentificá-la como alguém do PT, mesmo tendo saído do partido há mais de um ano.
"O que a gente vê não é a onda verde, mas sim a Marina fazendo sua própria onda. Ela é maior que o PV", afirma Euna. No Estado, os petistas Tião e Jorge Viana, candidato ao Senado, chegaram a fazer campanha para Marina Silva chegar à Presidência da República, mas foram demovidos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "Temos que fazer um estudo para saber o que ocorre", chegou a dizer Tião, referindo-se à vantagem do ex-governador de São Paulo no Acre.
"O PT persegue o povo aqui", diz a empresária Edneia, eleitora de Serra, citando supostos atos de campanha em que os funcionários públicos seriam coagidos a participar pelo governo petista. "Quem diz que persegue não gosta de trabalhar", rebate o professor Roberto Paiva. "Antes desse governo [de Jorge Viana, atual governador pelo PT e candidato ao Senado], metade dos servidores ficava sem trabalhar. Agora todo mundo tem que trabalhar", afirma o professor, eleitor de Marina e que mencionou voto em Dilma em um eventual segundo turno contra o candidato do PSDB.
O guardador de carros Samio, por sua vez, está indeciso. Prostrado em frente à sede do governo à espera de clientes, diz estar dividido entre Serra e Marina. "Na Dilma eu não voto. Porque ela falou que nem Deus tirava a vitória dela e isso deixou o povo aqui meio injuriado, né?", afirmou, referindo-se a uma frase falsamente atribuída à ex-ministra da Casa Civil. Outro guardador, o são-paulino Douglas, não titubeou: "eu vou de Serra". Na dúvida, resta ao eleitorado aguardar o fechamento das urnas para saber quem estava com a razão.
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