Departamento de Estado dos EUA e governo israelense criticam viagem do presidente iraniano, que pode pôr em risco a estabilidade do Líbano
Gustavo Chacra CORRESPONDENTE / NOVA YORK - O Estado de S.Paulo
A inédita visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Líbano irritou EUA, Israel e algumas facções libanesas ligadas ao premiê Saad Hariri, aumentando a tensão em um dos países mais divididos do Oriente Médio.
Recebido como herói pelo Hezbollah, que é apoiado por Teerã, Ahmadinejad discursou para dezenas de milhares de pessoas depois de circular por ruas e avenidas nas áreas xiitas de Beirute.
Depois de passar pela capital libanesa, o líder iraniano irá hoje à fronteira do Líbano com Israel. "Certamente defenderemos a nação libanesa contra o regime sionista (forma usada por ele para se referir a Israel)", afirmou.
O ato está sendo encarado como uma provocação pelos israelenses e pelo Departamento de Estado dos EUA. Ao se encontrar com presidente libanês, Michel Suleiman, um cristão maronita, Ahmadinejad buscou evitar um discurso que acentuasse ainda mais as divisões internas na política libanesa.
"Nós (Irã) defendemos um Líbano forte e unido. Sempre apoiaremos o governo e a nação libanesa", afirmou, O Líbano se divide entre duas facções rivais que, momentaneamente, integram um governo de união nacional.
O premiê, Saad Hariri, aliado dos EUA e dos sauditas, é apoiado por sunitas e alguns partidos cristãos e drusos. Já o Hezbollah forma uma aliança com o líder cristão Michel Aoun. Neste mês, a disputa entre os dois lados se agravou. Em breve, um tribunal da ONU deve acusar o Hezbollah pelo atentado que matou Rafik Hariri, pai de Saad, em 2005.
PARA ENTENDER
As relações entre Irã e Líbano se tornaram mais próximas no século 16, quando a monarquia iraniana levou clérigos libaneses a converter a região ao islamismo. O Irã fundou o Hezbollah, nos anos 80, para estender a Revolução Islâmica para o Mediterrâneo. Teerã também financiou a reconstrução do país após a guerra com Israel.
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