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Testemunhas declararam que dados chegaram à mídia pelas mãos de integrantes do comitê de pré-campanha de Dilma
Vannildo Mendes / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
A declaração da cúpula da Receita de que o vazamento de dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, foi crime comum e não político conflita com revelações colhidas pela Polícia Federal.
Ouvidos no inquérito da PF esta semana, duas testemunhas - o próprio Eduardo Jorge e o jornalista Leonardo de Souza, do jornal Folha de S. Paulo, autor da primeira reportagem sobre o caso - confirmaram que os dados vazaram por meio de membros do comitê da pré-campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT).
Aberto em julho, o inquérito é conduzido pelo delegado Hugo Uruguai e não tem data para ser concluído. O diretor-geral da PF, Luiz Fernando Corrêa, acha difícil a investigação ser concluída antes da eleição, porque, afirma, a produção de prova tem de ser feita dentro do ritmo da legalidade, "sem atropelar etapas".
O dirigente tucano informou à polícia que recebeu cópias de suas declarações de renda, vazadas da Receita, de Leonardo de Souza e do repórter Alexandre Oltramari, da revista Veja - que ainda será ouvido.
Os dados - cópias de cinco declarações do IR de Eduardo Jorge - fariam parte de um dossiê supostamente montado pelo grupo de inteligência do comitê de Dilma contra políticos tucanos para atingir a candidatura de José Serra (PSDB). Uma fonte policial disse que, apesar da negativa da Receita, não está descartada a motivação política do caso, seja na encomenda do trabalho, no acesso aos dados dentro do Fisco ou na produção do dossiê.
Quem também tem dúvida é o juiz Antônio Cláudio Macedo da Silva, titular da 8.ª Vara Federal de Brasília. Ao determinar que a Receita desse acesso imediato dos autos de sua investigação a Eduardo Jorge, o magistrado viu "relação promíscua entre alguns setores da administração pública com estratos da imprensa, no qual se veiculam informações protegidas por sigilo legal sem que se saiba a autoria da quebra".
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