quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Morte de Orlando Zapata emociona dissidência cubana

Agência AFP

no JB Online

HAVANA - Um prisioneiro político cubano, Orlando Zapata, de 42 anos, morreu nesta terça-feira em um hospital de Havana, sucumbindo a uma greve de fome de mais de dois meses para protestar contra suas condições de detenção. A morte dele provocou comoção na dissidência cubana.

Orlando Zapata Tamayo morreu no hospital Hermanos Ameijeiras, da capital, para onde foi levado às pressas, na noite de segunda-feira, procedente do hospital do presídio Combinado del Este, de Havana em estado de saúde "muito grave", segundo a Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional (CCDHRN).

Preso desde março de 2003, realizou uma prolongada greve de fome, em protesto pelas condições carcerárias, que deterioram sua saúde, afirmava.

Segundo a CCDHRN ele é o primeiro preso político cubano a morrer na prisão desde a década de 70.

Zapata, um dos 65 cubanos considerados presos de consciência pela Anistia Internacional, havia sido inicialmente sentenciado a três anos de prisão, mas sucessivas condenações, por outros motivos, elevaram a pena a mais de 25 anos, disseram fontes da dissidência.

- É uma grande tragédia para sua família e má notícia para todos os movimentos de defesa dos direitos do homem, mas também para o governo, que deverá pagar o preço político desta morte - declarou à AFP Elizardo Sanchez, líder da Comissão - uma organização ilegal, mas tolerada pelo poder cubano.

- Trata-se de um assassinato virtual, premeditado - estimou Sanchez acusando as autoridades de terem demorado em oferecer cuidados ao dissidente, que havia sido transferido semana passada de Camaguey (centro), onde estava preso, para Havana após uma greve de fome de 85 dias.

Orlando Zapata Tamayo, um maçom membro de uma organização de defesa cívica ilegal, havia sido condenado em 2003 a 18 anos de prisão, oficialmente por "desordem pública", segundo a Comissão.

O governo cubano não reconhece a existência de presos políticos no país - uns 200, segundo a dissidência - pois os considera "mercenários" a serviço dos Estados Unidos.

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