terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Em nota, novo governador do DF critica intervenção





Mário Coelho
noCongresso em Foco

O novo governador interino do Distrito Federal, Wilson Lima (PR), já fez sua primeira manifestação oficial como chefe do Executivo local. Em nota distribuída à imprensa, escrita enquanto a carta de renúncia de Paulo Octávio era lida em plenário, ele afirmou que a intervenção federal equivale a "cassar a soberania do povo brasiliense, soberania conquistada no bojo da redemocratização de nosso país". "Quero ser apenas e tão somente o instrumento para uma transição democrática entre um governo eleito e outro governo eleito", afirmou.

"Não serei empecilho à volta da normalidade. Não criarei um único obstáculo para a condução democrática de nossa cidade. Não farei mudanças bruscas, e não aceitarei nenhuma ingerência política", disse Lima na nota. Hoje, a Câmara Legislativa foi notificada sobre o pedido de intervenção feito pela Procuradoria Geral da República (PGR). O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, fez ontem um aditamento ao pedido, esclarecendo que a ação também quer o impedimento do poder Legislativo.

Wilson Lima disse também que tem consciência da responsabilidade que possui ao assumir o governo do DF. "Sei do peso da responsabilidade que me é transferida neste momento. O compromisso que posso assumir, ao aceitar tão árdua missão, é com a normalidade democrática. De não permitir a paralisia do governo, para que as obras e ações sociais sejam levadas até o fim, não piorando ainda mais as coisas para o povo desta cidade", afirmou. Apesar da renúncia de Paulo Octávio ser esperada desde a semana passada, ele disse que não pensou em assumir o cargo. Mas já adiantou como vai agir à frente do GDF. "Não farei mudanças bruscas, e não aceitarei nenhuma ingerência política", afirmou.

"Urso" Goiano de Ceres, Wilson Lima fez da região administrativa do Gama, distante 30 quilômetros do Plano Piloto de Brasília, sua base eleitoral. Com o apelido de "urso" entre os colegas - "é porque eu sou fofinho", diz Lima -, está no terceiro mandato de distrital. Um como suplente e os outros dois como titular. Segundo sua página oficial, vendeu picolés, foi frentista, mecânico, lanterneiro, pintor, balconista e cobrador de ônibus. Em 1973, seu pai abriu o Mercadinho Progresso, onde Lima foi trabalhar. O mercado prosperou e alguns anos depois surgiram as Organizações Lima, com filiais no Gama, Valparaiso e Jardim Ingá (GO). No Executivo, exerceu o cargo de subsecretário de Alimentação e Promoção Social da Secretaria de Estado de Solidariedade, em 2002, no governo de Joaquim Roriz. Na Câmara, ele ocupava pelo terceiro biênio seguido a posição de primeiro secretário da Casa. Apesar de ter boas relações com os colegas, nos últimos três anos ele foi um dos que mais usou os recursos da verba indenizatória na Câmara Legislativa. O limite é de R$ 15 mil. Leia a íntegra da nota: "Nota à imprensa Assumo interinamente o governo do Distrito Federal no momento mais delicado de nossa ainda curta história política. Não escolhi estar nessa posição, não a almejei, mas não posso fugir à responsabilidade e ao dever de assumi-la. A missão que o destino colocou em minhas mãos deve ser enfrentada com serenidade, humildade, e muita reflexão. Há um sentimento de desilusão na população. há quem defenda como solução a ruptura política e a intervenção federal. Isso equivale a cassar a soberania do povo brasiliense, soberania conquistada no bojo da redemocratização de nosso país. Sei do peso da responsabilidade quem me é transferida neste momento. O compromisso que posso assumir, ao aceitar tão árdua missão, é com normalidade democrática. De não permitir a paralisia do governo, para que as obras e ações sociais sejam levadas até o fim, não piorando ainda mais as coisas para o povo desta cidade. Quero ser apenas e tão somente o instrumento para uma transição democrática entre um governo eleito e outro governo eleito. Não serei empecilho à volta da normalidade. Não criarei um único obstáculo para a condução democrática de nossa cidade. Não farei mudanças bruscas, e não aceitarei nenhuma ingerência política. E, Deus me permita, jamais darei um motivo sequer para aumentar a desconfiança que setores da sociedade nutrem não só em relação aos políticos quanto à política de modo geral. O momento agora, para mim, é de reconhecimento e reflexão, antes de assumir de fato e de direito as responsabilidades de governar Brasília. A todos aqueles que – como eu - amam Brasília, afirmou que farei o que estiver ao alcance de minhas forças para, seja qual for o período em que o Governo do Distrito Federal estiver sob meu comando, honrar cada minuto de minha passagem por este posto. Que Deus ilumine a todos.


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