O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi firme nesta quinta-feira ao comentar a maneira como está sendo conduzido o processo de paz no Oriente Médio e sobre as críticas que tem sofrido por sua aproximação com países árabes e o Irã.
Ele também disse que o Brasil pode dar "uma contribuição extraordinária" para a construção da paz no Oriente Médio, durante discurso na Câmara de Comércio Árabe-Brasileira, onde recebeu uma homenagem no Dia Nacional da Cultura Árabe.
"A subserviência é de tal ordem que as pessoas acham que o acordo de paz no Oriente Médio depende dos Estados Unidos ou da União Europeia", disse Lula.
"A ONU tem a responsabilidade de trabalhar pela questão da paz. Não é uma questão bilateral, é uma questão multilateral (...) A paz no Oriente Médio não depende do estado de espírito de um governo americano ou de um governo europeu", afirmou.
O presidente também disparou seu arsenal de críticas aos que consideram sua visita ao Irã um erro. Lula recebeu seu colega iraniano Mahmoud Ahmadinejad no ano passado, em Brasília, e vai retribuir a visita indo em maio a Teerã.
"Eu vou lá porque não quero que aconteça com o Irã o que aconteceu no Iraque (...) porque aquela guerra no Iraque foi consequência de duas grandes mentiras contadas para a humanidade", afirmou.
Lula se referia a uma alegação dos Estados Unidos de que o regime de Saddam Hussein tinha armas de destruição em massa e que a derrubada do ditador pacificaria o país.
O Irã está no centro de um impasse nuclear com as potências ocidentais, que acusam a República Islâmica de querer enriquecer urânio para a construção de armas nucleares.
O governo iraniano, no entanto, alega que seu programa nuclear tem fins pacíficos, e o Brasil tem insistido que é preciso investir no diálogo para resolver o impasse ao invés de impor sanções, como defende o Ocidente.
"Vou lá para dizer ao presidente Ahmadinejad: sou contra você ter armas nucleares, mas sou a favor de você enriquecer urânio como o Brasil enriquece", disse Lula.
O presidente, que na semana passada visitou Israel, também atacou o Estado judeu por conta do muro que o separa dos territórios palestinos.
"Um muro dentro de Israel não é uma coisa nobre no século 21. Eu me senti em uma eclusa".
O presidente contou que para sair e entrar em Israel em direção ou voltando dos territórios palestinos teve de sair de um carro, passar por uma cancela e, em seguida, entrar num outro carro no outro lado da fronteira.
Nenhum comentário:
Postar um comentário