sexta-feira, 26 de março de 2010

Venezuela liberta presidente de canal de TV da oposição


Líder da Globovisión foi detido após alegações supostamente falsas contra Hugo Chávez.


O presidente da emissora de televisão oposicionista venezuelana Globovisión, Guillermo Zuloaga, foi libertado na noite desta quinta-feira horas depois de ser detido pelas autoridades venezuelanas, acusado de "difamar" o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

Zuloaga, no entanto, foi proibido por um tribunal local de deixar o país, enquanto não for a julgamento pela acusação de vilipendio contra o presidente da Venezuela, Hugo Chávez.

O empresário foi preso na manhã desta quinta-feira no aeroporto de Falcón, no norte da Venezuela, de onde viajaria à Ilha de Bonaire, no Caribe.

O Ministério Público argumentou que a ordem de prisão foi emitida devido ao temor de que Zuloaga tentasse fugir para não responder a um processo em que é acusado de ter feito declarações falsas contra o presidente Hugo Chávez, no último fim de semana.

Investigação

A prisão de Zuloaga ocorreu um dia após o Congresso Nacional ter solicitado ao MP Público que fosse aberta uma investigação contra o empresário, por "falsas declarações" emitidas na reunião da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP) no fim de semana passado.

No encontro da SIP, Zuloaga teria dito que Chávez ordenou que militares disparassem em manifestações que ocorreram durante o fracassado golpe de Estado de 11 de abril de 2002, quando 19 venezuelanos, entre chavistas e opositores, foram assassinados por franco-atiradores.

"Este cidadão afirmou que o presidente da República ordenou os disparos contra a manifestação (...) isso é uma informação absolutamente falsa", afirmou à BBC Brasil o deputado Manuel Villaba, presidente da comissão de Meios de Comunicação no Congresso.

"Os tribunais do nosso país já estabeleceram quem são os responsáveis por esses assassinatos e eles estão detidos", acrescentou.

Villalba disse que Zuloaga não pode utilizar "a condição de dono de meio de comunicação" para se eximir das responsabilidades previstas no Código Penal venezuelano.

"Utilizar a tribuna da SIP para difundir essa informação falsa constitui um delito previsto no Código Penal", afirmou.

O secretário-geral da Organização de Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, havia demonstrado preocupação sobre as "repercussões políticas" da detenção do presidente da Globovisión.

Disputa

Juntamente com outros canais, a Globovisión, considerada como o principal canal opositor, é acusada pelo governo de ter participado do golpe de Estado, conhecido também entre os simpatizantes do governo como "golpe midiático".

A disputa entre o governo e a Globovisión, que se arrasta desde abril de 2002, ganhou força no ano passado. Em junho de 2009, a receita federal da Venezuela aplicou uma multa de US$ 2,2 milhões (cerca de R$ 4,98 mi) à Globovisión, alegando sonegação de impostos.

A aplicação da multa ocorreu pouco tempo depois do Ministério Público ter acusado Zuloaga de cometer delito ambiental por conservar em sua casa várias cabeças de animais silvestres empalhadas.

Um mês antes desse episódio, durante uma batida policial, foram apreendidos 24 automóveis zero km na casa do empresário. Na ocasião, o MP acusou Zuloaga de "usura" por "estocar" os carros em sua residência para, em seguida, revendê-los com preços mais altos.

Há três dias, o ex-governador do Estado de Zulia, Álvarez Paz, foi preso depois de acusar o governo venezuelano de colaborar com o narcotráfico em um programa do canal Globovisión. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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