Vladimir Platonow
Enviado Especial
Montevidéu - O Mercosul é um instrumento importante para a região, mas precisa ser revitalizado. O diagnóstico é do diplomata uruguaio Alberto Guani, que foi cônsul do país no Rio de Janeiro nos últimos cinco anos e agora retornou ao país para assumir novo posto no governo de José Mujica. O novo presidente toma posse hoje (1º), em cerimônia marcada para o início da tarde.
“O Mercosul é uma coisa boa para o nosso país, mas a maioria das pessoas tem a impressão de que não está cumprindo seus objetivos. O maior problema é a assimetria, a falta de igualdade entre os países”, afirma o diplomata, que antes de trabalhar no Brasil passou pela Alemanha e pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Guani avalia que o Uruguai atravessa um momento único em sua história, com a sucessão de um presidente de esquerda, Tabaré Vázquez, por outro de mesma tendência política, o que jamais aconteceu antes. Para ele, o novo governo dará continuidade às políticas sociais do anterior, mas deverá focar mais nos investimentos de ciência, tecnologia e educação, resgatando a economia do campo, que já foi um dos orgulhos nacionais.
“O Uruguai deve ser um país agrointeligente. Temos que investir em nossa fonte primária, da agricultura e pecuária, aplicando conhecimento e melhoramento genético na produção”, propõe.
Mas é nas salas de aula que o diplomata vê o futuro do país, por meio do investimento maciço em educação, setor que, segundo ele, recebeu mais de US$ 1 bilhão no último ano do governo de Tabaré. “Todas as escolas públicas entregaram um laptop para cada aluno, para eliminar a divisão digital entre os que tinham dinheiro para comprar um computador e os que não tinham. Agora queremos avançar ainda mais, oferecendo um pacote digital a todas as famílias, que inclui televisão a cabo, internet de banda larga e telefonia fixa”, anuncia.
Outra vertente do desenvolvimento uruguaio, segundo Guani, deve ser a logística, transformando o país em um grande entreposto para economias do interior do continente sem saída para o mar, como a Bolívia e o Paraguai. “Somos um país de esquina, com vista para o mar”, compara ele, que antecipa um dos projetos do governo Mujica: construir um grande porto de águas profundas no norte do país, que receberia mercadorias procedentes do interior do continente, por meio do Rio da Prata.
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