Luciana Lima
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O Ministério da Defesa informou que ainda não sabe quando serão retomados os trabalhos do Grupo de Trabalho Tocantins de buscas aos restos mortais de militantes mortos na Guerrilha do Araguaia. O grupo de trabalho, criado para atender uma determinação da Justiça Federal , realizou escavações no ano passado. No entanto, nada foi encontrado.
De acordo com o Ministério da Defesa, o grupo retornaria aos trabalhos no mês de maio, após o período de chuva. Mas ao ser informado de buscas realizadas por contra própria, por familiares de guerrilheiros com o apoio do Ministério Público Federal, o Ministério da Defesa decidiu aguardar orientação da Justiça Federal sobre como proceder no que o órgão considera uma nova situação.
A sentença que condenou o Brasil a realizar as buscas foi dada pela juíza federal Solange Salgado da Silva Ramos de Vasconcelos, da 1ª Vara Federal do Distrito Federal. O Ministério da Defesa formou o grupo de trabalho, com o apoio técnico do Exército, para cumprir a sentença.
Inicialmente, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, não admitiu a presença de familiares no grupo. Segundo o ministro, os familiares representam parte do processo e, portanto, não deveriam participar da execução da sentença.
Essa posição causou desconforto na Esplanada dos Ministérios. O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH), defendeu a inclusão dos familiares como forma de garantir a transparência dos trabalhos. A questão teve que ser resolvida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que garantiu a presença dos parentes de mortos e desaparecidos políticos na missão por meio de um decreto.
Combatida pelo Exército, a Guerrilha do Araguaia foi um movimento de resistência ao regime militar (1964-1985) organizado pelo PCdoB na primeira metade da década de 70. No ano passado, ao formar o Grupo de Trabalho Tocantins, o Ministério da Defesa não incluiu a participação dos familiares nos trabalhos que contaram com o apoio técnico do Exército.
Nesta semana, parentes de um militante que atuou na Guerrilha do Araguaia e uma equipe do Ministério Público Federal encontraram restos humanos na localidade de Brejo Grande do Araguaia, um dos locais do conflito no Pará. As ossadas foram encontradas a cerca de 30 metros do local que estava sendo escavado pela missão coordenada pela Defesa, em outubro do ano passado.
A região conhecida como Tabocão fica a 90 quilômetros de Marabá e sempre foi apontada como possível área onde teriam sido enterrados guerrilheiros mortos durante os combates na década de 70. Em depoimentos no MPF, moradores do município de Brejo Grande informaram que as escavações da Operação Tocantins foram feitas em pontos incorretos.
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