“Se Lula se diz um democrata, não pode aceitar a ditadura cubana. Se aceita, não é democrata.” É uma bela e corretíssima conclusão esta, que Merval Pereira expõe em seu artigo de hoje (quarta, 10 de março) no Globo, com base no princípio da contradição de Aristóteles – quando há duas proposições contrárias, e uma verdadeira, então a outra é necessariamente falsa.
É corretíssima a conclusão. Mas é um tanto educada demais, polida demais. Eu digo o seguinte: ou Lula é um idiota, ou então é cínico, hipócrita, não tem caráter. Das duas, uma, como dizia Aristóteles.
Estas foram as declarações de Lula em entrevista à Associated Press, na terça, 9 de março:
“Eu penso que a greve de fome não pode ser utilizada como pretexto de direitos humanos para libertar pessoas. Imagina se todos os bandidos que estão presos em São Paulo entrarem em greve de fome e pedirem liberdade.”
“Temos que respeitar a determinação da Justiça e do governo cubano, de deter as pessoas em função da legislação de Cuba, como quero que respeitem ao Brasil.”
“Gostaria que não houve (presos políticos), mas não posso questionar as razões pelas quais Cuba os deteve.”
Vamos lá. Um axioma e algumas questões que já foram levantadas nas primeiras hora depois que Lula perpetrou as barbaridades, os disparates, as insanidades acima:
* Preso político é preso político, não tem nada a ver com bandido;
* O governo Lula não questiona a legislação de Cuba, mas questiona a Justiça italiana, que condenou o terrorista Cesare Battisti por quatro assassinatos; e se opôs à decisão da Justiça de Honduras que determinou o afastamento do então presidente Manuel Zelaya por propor a reeleição, contrariando cláusula pétrea da Constituição hondurenha;
* O governo Lula decide manter no Brasil o terrorista Cesare Battisti, mas remete para Cuba, de imediato, dois atletas cubanos que pediam asilo no Brasil;
* O governo Lula não reconhece as eleições em Honduras, mas se apressa a defender a lisura das eleições no Irã da ditadura teocrática de Mahmoud Ahmadinejad, contestadas por milhares e milhares e milhares de opositores, dezenas dos quais foram presos por contestar o resultado;
* Poucas horas depois da morte do dissidente Orlando Zapata, Lula e seu ministro Franklin Martins dão um espetáculo de tietagem explícita junto aos ditadores Fidel e Raúl Castro, tiram fotos ao lado deles rindo como macacas de auditório – e Lula culpa a vítima.
É o princípio da contradição de Aristóteles: ou bem é uma coisa, ou bem é outra. Ou Lula é idiota, ou então é cínico, hipócrita, não tem caráter.
Em artigo publicado no El País, o editor da revista Foreign Policy classificou Lula como um dos cinco grandes hipócritas de 2009, como também lembrou Merval Pereira.
Talvez este seja – mais do que afeto à sociologia, às ciências políticas – um caso médico, uma questão que diz respeito à psiquiatria. O endeusamento de Lula por seus cupinchas e por ele próprio, o seu sucesso nas pesquisas de opinião, é tamanho que o cara perdeu o juízo, o senso. Acha-se deus. Parece achar que pode agredir a lógica, o bom senso, a inteligência das pessoas, e continuar endeusado da mesma forma.
Talvez sejam três as hipóteses. Ou é idiota, ou não tem caráter, ou perdeu o juízo.
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