quinta-feira, 11 de março de 2010

PIB de 2009 é o pior em 17 anos e 5º negativo da série histórica



Fabrícia Peixoto
Da BBC Brasil em Brasília

Depois de 16 anos no azul, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro não resistiu ao impacto da crise financeira global e terminou 2009 com um resultado negativo de 0,2%.

A última vez que a economia havia encolhído foi em 1992, no governo Collor. Naquele ano, o recuo foi de 0,54%.

De acordo com a série histórica do Banco Central, essa é a quinta vez em 47 anos que o PIB brasileiro fica negativo. Além de 2009, houve dois registros de queda na década de 80 (1981 e 1983) e outros dois na década de 90 (1990 e 1992).

Apesar do resultado negativo no ano passado, o economista Carlos Eduardo Soares Gonçalves, professor da Universidade de São Paulo, faz ressalvas quando o assunto é a comparação da economia atual com a de décadas anteriores.

A avaliação de Gonçalves é de que o Brasil, agora, "é outro" e está longe de ter os problemas estruturais que apresentava na década de 80.

"O fato de não termos a inflação daquela época e estarmos com as contas sob controle já dá a dimensão da diferença", diz.

"Além disso, tivemos um recuo muito pequeno em 2009, quando diversos outros países enfrentam uma situação muito mais delicada do que a brasileira", acrescenta o economista.

Quedas anteriores

O pior resultado do PIB foi registrado em 1990, quando a economia brasileira encolheu 4,35%.

Segundo o professor Carlos Eduardo Soares Gonçalves, a retração da época foi consequência de um plano econômico "errado".

"O Plano Collor causou a pior recessão que já vi. A indústria brasileira despencou e levou o PIB junto", diz.

Já a retração de 4,25% registrada em 1981, a segunda pior no ranking, foi reflexo da crise do petróleo, segundo o professor da USP.

Gonçalves lembra que o mundo sofria os efeitos da alta do produto, que começou em 1979 e culminou com um preço quatro vezes maior nos anos seguintes, afetando toda a economia mundial.

"O resultado foi uma recessão no mundo inteiro, sobretudo nos países em desenvolvimento extremamente endividados, como o Brasil", diz o economista.

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