terça-feira, 2 de março de 2010

PMDB debate programa para 'fundir' com o petista

Clarissa Oliveira

no Estadão

Em meio à polêmica provocada pelo programa de governo elaborado pelo PT para a eleição deste ano, o PMDB começou a montar uma equipe para produzir sua própria lista de propostas para embasar a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Cotado para ser vice de Dilma, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), planeja se reunir com nomes como o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o ex-ministro Delfim Netto para começar a elaborar a carta de intenções.

O primeiro encontro estava inicialmente marcado para hoje, mas, até ontem à noite, não estava confirmado. O motivo era a dificuldade de conciliar as agendas dos membros da equipe. "Se houver de fato uma aliança com o PT, nosso plano é fundir os programas", disse Temer, que ontem aproveitou discurso para uma plateia de empresários do setor de vendas e marketing para rebater a tese de que o PMDB virou um partido marcado por "um certo fisiologismo".

A proposta de montar um programa do PMDB tem início em meio ao fortalecimento de Dilma nas pesquisas. Questionado, Temer negou que o crescimento da ministra possa se traduzir em um enfraquecimento do PMDB nas negociações. "Nem se cogita isso", afirmou.

O mais provável é que o programa do PMDB evite grandes polêmicas. Ontem, Temer deu o tom que deverá guiar o texto. Falou em "temperança" e na busca de "caminhos intermediários". Ele saiu em defesa, por exemplo, da redução da jornada de trabalho das atuais 44 horas semanais para 42 horas, acima das 40 horas propostas pelas centrais sindicais e endossadas pelo PT.

Ao falar sobre o projeto, Temer defendeu a busca de um "meio-termo" e avisou: "Em um ano como este, se esta matéria for ao plenário, aprovam-se as 40 horas. Não tenho dúvida disso." Ele também defendeu o projeto que restringe a eleição de políticos com ficha-suja, assim como a proposta de tornar públicos documentos e informações governamentais.

Temer preferiu não se aprofundar em comentários sobre o processo de escolha do vice na chapa petista. Para ele, o ideal é que essa definição ocorra entre abril e maio. "Toda a questão da Vice-Presidência, tenho dito sempre, é uma questão circunstancial", afirmou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário