terça-feira, 2 de março de 2010

'Romaria' a Minas tenta fazer Aécio vice de Serra

Dirigentes e líderes do PSDB, DEM e PPS tentam criar fato político capaz de reverter queda do governador paulista nas pesquisas para Presidência

Eduardo Kattah, Christiane Samarco
No Estadão

BELO HORIZONTE
BRASÍLIA
Começa hoje a romaria de dirigentes e líderes do PSDB, DEM e PPS a Minas Gerais, com apelos para que o governador tucano Aécio Neves aceite o posto de vice na chapa presidencial do colega paulista José Serra.

O esforço é para criar um fato político que reverta a queda de Serra nas pesquisas de intenção de voto. O primeiro a desembarcar em Belo Horizonte será o líder do DEM, deputado Paulo Bornhausen (SC), que resumiu o objetivo de sua visita com uma frase, postada em seu twitter: "Toda a força e apoio do DEM para que Aécio aceite compor a chapa com Serra."

O ponto alto da romaria será na quinta-feira, quando Aécio vai receber governadores e líderes aliados em uma grande solenidade com objetivo de celebrar o centenário do avô, nascido em 4 de março de 1910, inaugurando a "Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves". Serra planeja um encontro reservado com o governador antes de comparecer à cerimônia pública de homenagem a Tancredo.

Ontem, Aécio reiterou a disposição de resistir à pressão para que aceite compor como vice uma chapa encabeçada pelo colega paulista e afirmou não temer ser responsabilizado por uma eventual derrota de Serra. "Eu serei responsabilizado pelo governo que nós estamos fazendo em Minas e tomara que seja uma bela responsabilidade. Cada um de nós é responsável pelo que constrói, pelo que faz. Não existe nada disso", disse, após a solenidade de lançamento de um selo comemorativo do centenário de nascimento do avô.

Dirigentes dos três partidos de oposição acreditam que Aécio vai acabar pagando a conta política da polarização da disputa presidencial entre Serra e o PT da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.

A avaliação geral é que, depois da pesquisa DataFolha do último domingo, apontando o cenário de confronto direto entre Dilma e Serra já no primeiro turno da eleição presidencial, a pressão para que Aécio reforce a chapa tucana será maior.

Apesar da aposta no ninho tucano de que a pressão sobre Aécio aumentará, o mineiro mais uma vez reafirmou a intenção de se candidatar ao Senado e disse que pretende ser um "soldado" do partido no seu Estado. "Eu sou mestiço, como é que eu vou participar de uma chapa puro-sangue", ironizou.

Pela primeira vez, porém, Aécio admitiu que dois nomes do PSDB possam compor a chapa presidencial, comentando a possibilidade de o senador Tasso Jereissati disputar como vice. "É um nome em belas condições de ajudá-lo, até mesmo pela presença forte que tem na região nordeste." Para ele, contudo, uma chapa exclusivamente tucana precisa ser discutida com os partidos aliados.

Para Aécio, a posição de Serra nas pesquisas ainda é "extremamente sólida". "Nosso companheiro tem todas as condições de enfrentar adequadamente essa disputa."

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