Amanda Cieglinski*
Enviada Especial
Foz do Iguaçu (PR)- Se no Brasil o resultado das principais avaliações educacionais, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), são amplamente divulgados, em outros países da América Latina a dinâmica é diferente. É o caso da Argentina, onde o governo de cada província decide se quer tonar público ou não os resultados das suas avaliações.
“Os resultados não chegam às escolas por razões políticas. Na Argentina, a responsabilidade de divulgar os resultados é dos governos provinciais e não do Ministério da Educação. E muitos governadores tinham medo desses resultados”, explicou o coordenador de avaliação do Ministério da Educação argentino, Jorge Fasce.
Representantes dos ministérios de 12 países latino-americanos e jornalistas estão reunidos em Foz do Iguaçu (PR) para discutir a integração educacional na região. Segundo Fasce, as escolas que recebem os resultados das avaliações têm um efeito positivo imediato. “Só por conhecer seu resultado, já havia melhora porque se elas iam mal sabiam que tinham que fazer alguma coisa, trabalhavam com os professores as razões para aquele resultado”, explicou.
A secretária de Educação Básica, Maria do Pilar Lacerda, acredita que a criação do Ideb em 2005 também teve impacto semelhante nas redes educacionais brasileiras. “Os prefeitos ficam ansiosos e nos perguntam quando o Ideb será divulgado. Essa expectativa é importante porque as pessoas começaram a se mobilizar”, acredita.
O Ideb é um indicador que avalia a aprendizagem dos alunos atribuindo uma nota para escolas, municípios e estados. Ele é calculado com base na nota da Prova Brasil e das taxas de aprovação. Para cada escola e rede de ensino foram estabelecidas metas que devem ser alcançadas a cada dois anos. O próximo Ideb, referente a 2009, deve ser divulgado em junho.
Pilar ressaltou que as avaliações não “têm sentido” se não alterar a prática em sala de aula. Mas, segundo ela, muitas escolas ainda não se apropriam dos resultados dos exames e indicadores apurados.
Na maioria dos países latino-americanos, segundo relatos do encontro, não existe um sistema nacional organizado de avaliações educacionais como no Brasil. Tanto Fasce quanto Pilar e o ex-presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, que também participou do debate, criticaram a prática de classificação de escolas. Segundo eles, as escolas com baixos resultados acabam estigmatizadas, o que afeta a autoestima de alunos, professores e equipe.
*A repórter viajou ao convite do Ministério da Educação
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