quinta-feira, 11 de março de 2010

Meirelles sinaliza opção por disputar cadeira no Senado

Cenário positivo do País muda sua avaliação de que deveria ficar no BC

Ricardo Leopoldo
no Estadão.com

Após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) deste mês, que será encerrada no dia 17, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, vai decidir se vai ou não deixar o governo dia 3 de abril para candidatar-se a uma vaga no Senado. "Depois do Copom, devo pensar com mais profundidade sobre essa questão", afirmou Meirelles, em conversa com um assessor do governo.

Lideranças do PMDB também confirmaram ontem que o destino eleitoral do presidente do BC deve mesmo ser a disputa por uma vaga ao Senado. "Eu aposto que ele será candidato ao Senado", disse ao Estado o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). Alexandre Tombini, atual diretor de Normas e Organização do Sistema Financeiro do BC, é o nome mais cotado para substituir Meirelles no comando do banco.

Em outubro, o presidente do BC havia dito que deveria ficar no cargo até o fim de 2010. Segundo um interlocutor com acesso ao Planalto, Meirelles havia feito avaliação diferente sobre as perspectivas de curto prazo da economia mundial, sobretudo em relação ao Brasil.

Mas a conjuntura melhorou. "Com um cenário positivo para o crescimento do País, Meirelles avalia que há menores riscos de que, caso deixe o BC, tal decisão possa atingir a estabilidade macroeconômica", diz a fonte. Nos raros diálogos que mantém sobre sua eventual decisão de deixar o BC, Meirelles menciona a hipótese de concorrer ao Senado pelo PMDB de Goiás.

Sobre comentários de que pode tentar se viabilizar como vice na chapa encabeçada pela ministra Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, Meirelles diz ser questão que deve ser tratada pelo PMDB e não cabe a ele defini-la.

Essa fonte informou à Agência Estado que já questionou o presidente do BC a respeito do propagado interesse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em ter uma chapa presidencial com Dilma e Meirelles, no intuito de agregar à petista o conhecimento da gestão da política monetária nos últimos sete anos. De acordo com essa autoridade, Meirelles lhe respondeu: "O teor das conversas reservadas com o presidente Lula apenas deixo para mim e para ele."

"VICE IDEAL"

"Para o presidente Lula, Meirelles seria o vice ideal de Dilma, pois tornaria a chapa moderna e ponderada", afirmou o diretor do Eurásia Group, Christopher Garman. Tal movimento seria semelhante ao de Lula em 2002 quando escolheu o empresário José Alencar como seu vice.

Na opinião de investidores e empresários, Meirelles agregaria à candidata do governo a experiência na condução da política monetária na era Lula. E isso poderia reduzir, junto ao eleitorado, a imagem de que ela poderia sofrer eventuais pressões de alas de esquerda do PT para adotar medidas econômicas radicais. Mas analistas dizem ser pequena a probabilidade de o PMDB indicar Meirelles para o posto. A cúpula do partido defende a tese de que o cargo seja ocupado pelo presidente da Câmara, Michel Temer (SP). Nesse contexto, se Meirelles optar por seguir a carreira política, é mais provável que tente disputar uma cadeira no Senado.

"Meirelles chegou agora no PMDB e ainda não é um general no partido", comentou o cientista político Murilo Aragão, sócio-diretor da consultoria Arko Advice em Brasília. Para ele, Temer é o único político do PMDB que conseguiria unir o partido em torno do nome de Dilma. COLABOROU VERA ROSA

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