No Blog do Josias de Souza
Na última versão da coluna semanal que veicula em mais de uma centena de jornais, Lula defendeu o PAC e alfinetou a oposição.
Fez exatamente o que pedira à nova equipe de ministros, que reunira nesta segunda (5).
Ouvido pelo repórter na noite passada, um dos participantes da reunião resumiu assim a mensagem de Lula ao ministério:
“O presidente não quer programas novos. Pediu empenho na execução dos antigos, sobretudo as obras do PAC...
“...Pediu para rebater as críticas, participar de vistorias e inaugurações. Quer ver o nome da Dilma [Rousseff] associado às obras”.
Na coluna “O Presidente Responde”, levada às páginas nesta terça (6), Lula se ocupa de três interrogações selecionadas por sua assessoria.
Uma diz respeito ao PAC. Outra trata da carestia dos alimentos. A terceira aborda a proposta de recriação da CPMF.
José Luiz da Silva, um técnico industrial de São Mateus (ES), escreveu a Lula para dizer que leu num jornal que o PAC está “parado” e a verba é “fictícia”.
Perguntou: Qual é o percentual de execução do projeto de transposição do São Francisco?
Lula –ou o redator escalado por ele para responder— anotou: “José Luiz, o povo brasileiro sabe [...] que há obras do PAC espalhadas por todo o país e sente que a sua condição de vida está melhorando dia após dia”.
Esquivou-se de mencionar o percentual de execução global do plano. Compreensível, já que mais da metade das obras ainda não saiu do papel.
Concentrou-se na obra do São Francisco: “Sabe quando surgiu a proposta? Em 1847, época do Império”.
Alvejou os antecessores: “De lá para cá, vários governos elaboraram estudos, projetos, mas nada saiu do papel”.
Jactou-se: “As obras só tiveram início em nosso governo. São dois canais: o Eixo Norte e o Eixo Leste”.
Ao prestar contas, como que deu razão aos críticos. Anotou que o primeiro eixo, que leva água a quatro Estados (PE, CE, PB e RN), “tem 24% das obras já realizadas”.
Sobre o segundo eixo, que contempla o agreste de Pernambuco e a Paraíba, escreveu: “Obras realizadas: 41%; conclusão: 2010”.
Não deu detalhes sobre como fará para completar, nos nove meses que lhe restam de mandato, os 59% que farão do eixo 2 uma obra acabada.
Preferiu filosofar: “Como diz um provérbio chinês, ‘uma caminhada de mil léguas começa com o primeiro passo’”.
Dalva Siqueira, uma dona de casa de São José do Vale do Rio Preto (RJ), queixou-se da suposta falta de foco das isenções tributárias:
“Enquanto o governo concede isenção de impostos para itens supérfluos, a comida do povo encarece a cada dia. Como levar comida mais barata à mesa da população?”
Lula serviu-se da pergunta para propagandear dois “feitos”: o reajuste do salário mínimo e o Bolsa Família, outro pilar da campanha de Dilma Rousseff.
Escreveu: ”O povo brasileiro tem hoje muito mais condições de adquirir alimentos. Em 2003, o salário mínimo comprava 1,5 cesta básica e hoje, após ser reajustado em 76% acima da inflação, compra 2,5 cestas”.
Sobre as isenções, disse que “foram temporárias e não se referiam a bens supérfluos e sim a produtos como eletrodomésticos e móveis, que todo mundo precisa”.
Voltou aos alimentos: “[...] Outras medidas nossas estão facilitando o acesso, como o programa Bolsa Família”.
Realçou: “Para aumentar a oferta e reduzir preços, criamos o Mais Alimentos, que oferece uma linha de crédito especial para os agricultores familiares”.
Márcia Angelita Bühler, secretária residente em Porto Alegre (RS), reclamou da proposta urdida para “reimplantar a antiga CPMF”.
Perguntou a Lula: “Onde foi aplicado o dinheiro da antiga CPMF e quais foram as melhorias na saúde?”
Lula defendeu o velho tributo: “A CPMF foi tão importante que, em 2006, por exemplo, direcionou R$ 14,3 bilhões para a saúde”.
Empilhou procedimentos do SUS executados com verbas de todo o orçamento, não apenas com a arrecadação da CPMF:
“[...] 11 milhões de internações, 348,8 milhões de exames laboratoriais,9,3 milhões de hemodiálises e 2,2 milhões de partos”.
E jogou a oposição na fogueira: “No final de 2007, tentando prejudicar o governo, os adversários eliminaram o imposto e atingiram, na verdade, a saúde da população...”
“...Inviabilizaram o PAC da Saúde, que teria à disposição R$ 24 bilhões anuais da CPMF”.
E quanto à neoCPMF? Lula foi vago. Evitou dizer que a iniciativa nasceu no consórcio partidário que lhe dá suporte congressual.
Preferiu soar genérico: “Alguns partidos políticos estão propondo [...] a criação da Contribuição Social para a Saúde, com alíquota de 0,1% sobre a movimentação financeira [...]”. Lavou as mãos: “A decisão cabe ao Congresso”.
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