segunda-feira, 31 de maio de 2010

Lula defende crescimento sustentável para evitar "efeito sanfona"

SAMANTHA LIMA na Folha.com

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira que o país não deve crescer além de duas capacidades para poder se expandir com sustentabilidade. Segundo ele, nos últimos anos, o país se mostrou capaz de crescer além do que preveem os economistas, que teriam imposto limites por "imbecilidade".

"Nós aprendemos a gostar da estabilidade do controle da inflação e da distribuição de renda. Acabamos com o PIB potencial, que era uma imbecilidade de economista, de que o país não podia crescer mais de 3%. Aprendemos que é gostoso crescer 4%, 5%, 6%. Não queremos crescer demais porque não queremos ser sanfona, vai a 10% e volta. Queremos crescimento sustentável que dure 10, 15 anos", afirmou.

Lula voltou criticar os países desenvolvidos pela crise econômica e disse que eles deveriam aprender com o Brasil.

"Se o mundo desenvolvido vivia nos dando lição de moral, devia agora, com humildade, vir aprender a fazer política econômica, combinar controle de inflação com distribuição de renda".

O presidente afirmou que não segue o discurso do governo militar de que o bolo deve crescer antes de ser distribuído porque, "sempre aparecia um engraçadinho para comer o bolo antes, e para o pobre só sobrava migalha".

Crédito

Em evento realizado pela fabricante de pneus Michelin, o presidente afirmou que do crédito cresceu cinco vezes nos últimos oito anos e que o governo estuda uma forma de permitir financiamento de caminhões e máquinas agrícolas, usando o próprio bem como garantia.

"A lei não permite isso porque entende que o veículo é o ganha pão do motorista. Ele fica com a garantia da lei, mas não consegue comprar".

Lula disse ainda que "no Brasil ouve tanta coisa equivocada, tanto calote, que só pega dinheiro emprestado quem não precisa de dinheiro". Ele ressaltou a participação do BNDES nas negociações.

O presidente disse ainda que, em relação à Nossa Caixa, determinou que o Banco do Brasil comprasse a instituição, mesmo que isso beneficiasse o governo José serra, pré-candidato do PSDB à Presidência.

"Nós queríamos expandir o crédito do Banco do Brasil. Disseram que o BB não deveria comprar a Nossa Caixa para não dar dinheiro para o Serra, eu respondi: 'Eu não estou preocupado, o BB tem que ser o maior'", afirmou.

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