Presidente sugere dissolver Congresso na Nicarágua

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS na Folha.com

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, sugeriu a dissolução do Congresso como uma forma de resolver os conflitos com a oposição. O país seria governado juntamente com um Conselho de Estado, que existiu durante o regime sandinista nos anos 1980 --do qual ele foi uma liderança.

Logo em seguida, entretanto, o presidente afirmou que a dissolução do Congresso "seria uma hecatombe", uma "barbaridade" e que ele "seria acusado de instaurar uma ditadura". A oposição liberal tenta impedir Ortega de lançar-se a reeleição em 2011 e o acusa de nomear juízes e outros funcionários públicos que sejam seus aliados.

"Se o Cosep [ Conselho Superior da Empresa privada, um tipo de Confederação Nacional da Indústria] me dá respaldo, eu dissolvo o Congresso. Vocês têm a palavra, então não me cabe mais conversar", afirmou Ortega, na quarta-feira (26), em um encontro com os empresários em Manágua, a capital do país.

As palavras de Ortega provocaram nesta quinta-feira (27) a reações de líderes de direita. Empresários presentes disseram que a afirmação foi feita em tom de brincadeira.

Ortega "expressa a visão totalitária que tem do país", a intenção de governar sem oposição, "de controlar tudo" disse o deputado liberal José Pallais, para quem o presidente quer um "governo que se adapte a sua ideologia fascista".

Já o presidente da Câmara de Comércio Americana da Nicarágua, Róger Arteaga, o mandatário disse "para fazer uma piada", enquanto a presidente da Câmara de Turismo, Lucy Valenti, afirmou que foi só "um comentário". O Conselho de Estado, que existiu no início do regime revolucionário sandinista (1979-1990), foi uma espécie de órgão legislativo cujos membros eram designados por diferentes setores.