da Efe, em Washington
O dissidente cubano Guillermo Fariñas, em greve de fome há mais de um mês para exigir a libertação dos presos políticos da ilha, apresentou uma acusação contra o "regime ilegítimo de Fidel e Raúl Castro" perante a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), informou nesta sexta-feira a organização "OZT Eu acuso ao Governo cubano".
Fontes da organização informaram à Agência Efe que a carta foi entregue na quinta-feira à CIDH, com sede em Washington, em nome do dissidente e de sua família.
Fariñas baseia sua acusação na "violação legislada, sistemática, programada e executada" contra ele e sua família, e seus "direitos naturais e liberdades fundamentais reconhecidos universalmente", desde o triunfo da revolução comunista no dia 1 de janeiro de 1959.
O jornalista, de 48 anos, se declara "em perfeito estado de faculdades mentais, mas em franca deterioração física" devido à greve de fome que iniciou no dia 24 de fevereiro.
"Prostrado em uma cama, desejo apresentar minha acusação formal perante esta Comissão contra o regime ilegítimo de Fidel e Raúl Castro", indica a carta.
Fariñas entrou em greve de fome em protesto pela morte do também dissidente preso Orlando Tamayo, que faleceu após 85 dias de jejum, e para pedir a liberdade dos presos políticos cubanos.
Com esta ação a organização espera que "haja uma inundação de acusações de outras pessoas" perante o organismo interamericano, disse a ativista e refugiada cubana Alina Brouwer.
"Neutralidade e imparcialidade"
Brouwer pediu à CIDH que envie uma missão para avaliar "com neutralidade e imparcialidade" a situação na ilha. Fariñas lembrou que além dele há outros dissidentes em greve de fome.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) e outros organismos "estiveram de costas à realidade dos cubanos. Sempre foi mais fácil deixar o tema de Cuba fora da agenda, mas os cubanos já não podem esperar mais. Deram 50 anos de 'chance' para eles".
No dia 19 de março, a CIDH expressou sua preocupação com Fariñas e reiterou o pedido a Cuba para que liberte os dissidentes políticos detidos em 2003, ao mesmo tempo em que instou o Estado cubano a "realizar as reformas necessárias, conforme a suas obrigações internacionais em matéria de direitos humanos".
Brouwer assinalou que está havendo uma mudança na sociedade civil cubana que "se uniu em um objetivo comum além de cores políticas".
Desde 1995, Fariñas fez 23 jejuns. O mais famoso foi o de seis meses em 2006 --com intervalos no hospital, onde foi alimentado por via intravenosa--, para exigir acesso sem restrições a internet, algo que segue sem existir na ilha governada pelos irmãos Fidel e Raúl Castro há 51 anos.
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