Ligado a Fernando Sarney, Assad era responsável por licitação do PAC alvo de "consórcio paralelo"
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA na Folha de São Paulo
A estatal Valec decidiu demitir um apadrinhado do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), acusado de participar de um esquema de fraude e desvio de dinheiro público numa das principais obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a ferrovia Norte-Sul.
Diretor de Engenharia da empresa, Ulisses Assad havia sido afastado temporariamente do cargo em 2009, após seu nome ter vindo a público como um dos principais investigados pela Polícia Federal na Operação Faktor (ex-Boi Barrica).
No mês passado, o Conselho de Administração da Valec, com base num trabalho realizado pela Controladoria-Geral da União, concluiu que ele deveria ser exonerado.
Segundo a Folha apurou, a decisão foi comunicada a Assad antes de ser oficializada. Mas ficou acertado que sua exoneração vai constar como a pedido dele mesmo.
Sua demissão será ratificada no dia 28 deste mês. Assad havia sido indicado para o cargo na estatal por José Sarney.
As fraudes e os desvios na Norte-Sul apontados por Polícia Federal, Tribunal de Contas da União e CGU envolvem ainda o filho mais velho do presidente do Senado, o empresário Fernando Sarney. Conforme a Folha publicou anteontem, Fernando ajudou a montar um "consórcio paralelo" de empreiteiras que fraudou uma das licitações da Valec sob a responsabilidade de Assad.
Fernando Sarney tem se recusado a comentar o assunto, alegando se tratar de vazamento ilegal de informação sigilosa. A Folha não conseguiu entrar em contato com Assad.
Esse grupo de empresas é acusado pelo TCU de ter superfaturado a obra do trecho da ferrovia entre os municípios goianos de Santa Isabel e Uruaçu em R$ 63,3 milhões. Já para os peritos da PF o sobrepreço chegou a R$ 59 milhões.
A Folha publicou nas últimas semanas uma série de reportagens sobre como empreiteiras em todo o país formam "consórcios paralelos" para driblar licitações e repartir contratos públicos "por fora".
"Trata-se de uma questão muito grave para o poder público, utilizada para burlar a concorrência. Isso atinge o coração da lógica do mercado, que seria a verdadeira competição", afirmou à reportagem o ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, Jorge Hage.
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