quinta-feira, 8 de abril de 2010

Mato Grosso - Defesa de Valdebran Padilha qualifica prisão de ilegal e desnecessária

da Agência Folha, em Cuiabá

O advogado Roger Fernandes, que representa os irmãos Valdebran e Waldemir Padilha, qualificou como "ilegal e desnecessária" a prisão de seus clientes e disse que eles foram pegos "totalmente de surpresa".

"A prisão é extremamente arbitrária e destrói com a vida de um pai de família e de um empresário. Todos os esclarecimentos poderiam ser prestados à Justiça e à sociedade sem qualquer tipo de coação."

Ontem, a Polícia Federal deflagrou em Mato Grosso e outros quatro Estados uma operação para desmontar três esquemas de fraude em licitações e obras que podem ter desviado até R$ 200 milhões dos cofres públicos. Ao todo, foram expedidos 76 mandados de busca e apreensão e 35 de prisão temporária --sendo 17 deles contra servidores públicos.

Um dos detidos foi o "aloprado" Valdebran Padilha, que é dono de uma empreiteira no interior de Mato Grosso. Valdebran ficou conhecido nacionalmente em 2006, quando foi detido pela PF num quarto de hotel com o então assessor da campanha à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gedimar Passos. Na ocasião, eles disseram que se encontraram para negociar um dossiê contra tucanos.

Segundo o advogado Roger Fernandes, Valdebran e Waldemir Padilha negam envolvimento com fraudes em licitações ou irregularidades na execução de obras em Mato Grosso.

"Eles podem provar que todas as obras foram executadas corretamente. Em alguns municípios, eles ainda têm créditos a receber. Não há nada a esconder ou temer", afirmou.

Até o final da tarde de ontem, disse o advogado, a Justiça ainda não havia fornecido à defesa o acesso aos autos da investigação. Ao longo do processo, disse ele, Valdebran "sempre colaborou". "Ele até forneceu elementos que não estavam sendo considerados", disse Fernandes.

Defensor dos dois dirigentes do PMDB de MT e do sobrinho do deputado federal Carlos Bezerra, o advogado Ulisses Rabaneda também criticou as prisões de seus clientes. "Eles não têm a menor ideia do que estão sendo acusados", disse.

O advogado do ex-prefeito Faustino Dias, Sebastião Monteiro, disse que as licitações conduzidas durante sua gestão foram "corretas". "Essa prisão foi uma arbitrariedade total."

A Folha não conseguiu contato com a defesa do coordenador regional da Funasa em MT, Marco Antônio Stangherlin.

Segundo a PF, as quadrilhas atuavam em núcleos independentes dentro de prefeituras e também na superintendência da Funasa (Fundação Nacional de Saúde).

As fraudes --que vão de obras de engenharia ao atendimento à saúde indígena-- foram detectadas por auditorias da CGU (Controladoria Geral da União). Até o final desta manhã, 22 pessoas já haviam sido presas.

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