RANIER BRAGON
SOFIA FERNANDES na Folha.com
DE BRASÍLIA
A pré-candidata Dilma Rousseff (PT) e o Planalto promovem uma ação casada na montagem das principais propostas da pré-campanha, estratégia evidenciada no lançamento do plano nacional de combate ao crack.
A ideia de mobilização nacional contra a droga veio a público nas palavras de Dilma já na pré-campanha e, após ser tratada por 40 dias como uma bandeira da petista, virou programa oficial de governo no último dia 20.
"Veja o caso do crack. Ele é hoje o inimigo número 1 de toda a sociedade brasileira. (...) Não devemos, não podemos e não vamos permitir que nossa juventude seja destruída", discursou Dilma em 8 de abril.
No dia seguinte, o presidente Lula determinou a cinco ministérios a criação de proposta de combate às drogas, com ênfase no crack, plano lançado na última quinta-feira.
Outras duas das propostas apresentadas por Dilma até agora também representam uma "sintonia" com o Planalto --como a criação de um ministério para pequenos e médios empreendedores.
"Se tem um único ministério que eu acredito que é importante, era um ministério para os pequenos e médios empresários", disse Dilma no início de maio.
Na semana passada, Lula disse a prefeitos: "Uma coisa que eu deixei de fazer e não quis fazer este ano, por causa da questão eleitoral, era criar o Ministério da Micro e Pequena Empresa".
A outra proposta, a de zerar a pobreza extrema do Brasil, também tem como esteio o governo. Mais especificamente estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), órgão vinculado à Presidência.
EQUIPE
Dilma também tem incluído no seu rol de promessas tentativas fracassadas do atual governo, como a reforma tributária e a desoneração da folha de pagamento.
Ela continua usando em seus discursos o "nós" ao se referir a ações futuras do Planalto, tendo em pelo menos uma ocasião recorrido ao Ministério da Justiça para rebater uma reportagem.
Desde que deixou a Casa Civil, em março, Dilma participou de cinco eventos públicos com Lula. Também tem tido encontros com integrantes do primeiro escalão, como Franklin Martins (Comunicação Social) e Guido Mantega (Fazenda).
Alexandre Padilha (Relações Institucionais) integra o conselho político da pré-campanha. Marco Aurélio Garcia (assessor especial da Presidência) coordenou o programa prévio de governo.
OUTRO LADO
A assessoria de Dilma negou haver acerto entre o Planalto e a pré-campanha, embora não tenha comentado os casos específicos apresentados pela reportagem.
"A ex-ministra Dilma Rousseff participou por sete anos e meio do governo Lula. Como titular do Ministério de Minas e Energia e, depois, da Casa Civil. Nessas condições, ela participou da discussão e coordenou a criação e execução dos programas que já foram e estão sendo lançados", disse a assessoria.
Segundo os assessores da pré-candidata, "não há nenhuma combinação entre governo e pré-campanha".
A assessoria de imprensa do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais) defendeu que todas as vezes em que o ministro participou de reuniões do conselho político da pré-campanha ele estava fora do horário de expediente. "O ministro não está cometendo nenhuma irregularidade", reforçou.
No lançamento do plano contra o crack, Paulo Barreto (Justiça) disse que o ministério estava "há bastante tempo preocupado com a questão". O Palácio do Planalto não quis comentar o assunto.
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