Lula e Dilma entraram pessoalmente na operação para neutralizar negociações dos tucanos por alianças com esses 2 partidos e o PSC
Depois de eliminar o pré-candidato do PSB, Ciro Gomes, da disputa presidencial, o PT partiu para um contra-ataque com o objetivo de tentar inviabilizar a aliança formal do PP, PTB e PSC em torno da candidatura do tucano José Serra.
A ofensiva, deflagrada na semana passada, inclui negociações para formar os palanques nos Estados, a liberação de emendas e a promessa de participação no futuro governo.
Enquanto os tucanos mergulharam no mercado eleitoral partidário para fortalecer a tríplice aliança PSDB-DEM-PPS, e assim engordar o tempo de TV da candidatura da oposição, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a pré-candidata do PT, Dilma Rousseff, entraram pessoalmente na operação para neutralizar a articulação dos adversários.
Nesta semana, Dilma deve se encontrar com o vice-presidente nacional do PSC, pastor Everaldo Pereira, e com o presidente do PP, senador Francisco Dornelles, cotado para ser vice de Serra - Lula também disse a petistas pretende chamá-lo para uma conversa a fim de dar peso à negociação com o PT.
Apoio oficial. PP, PTB e PSC são da base de Lula, mas os petistas avaliam ser difícil conseguir trazer as três legendas para a chapa de Dilma. O PP é o que apresenta maior abertura para negociação. Com os outros dois, o PT atua, agora, para no mínimo conseguir a neutralidade no âmbito nacional, ainda que se dividam entre Serra e Dilma nos Estados.
As negociações são movidas pela importância que o tempo de TV tem na campanha e pela estrutura política para os presidenciáveis nos Estados. Para os partidos cortejados, o que está em jogo é a perspectiva de poder. Quanto mais endurecem o jogo, mais promessas recebem nos bastidores, aumentando as condições, por exemplo, de aumentar as bancadas na Câmara e no Senado a partir de 2011. Integrantes das campanhas, dos dois lados, acusam o adversário de fazer acertos financeiros para as campanhas das três siglas.
Neste momento, com Serra líder nas pesquisas e Dilma tropeçando na campanha, tucanos avaliam ter o discurso mais sedutor, ainda que todos os partidos levem em conta o efeito Lula.
A cúpula governista atua para impedir a aliança do PP com os tucanos. Embora o partido comande a pasta das Cidades, com orçamento de R$ 15 bilhões, há lideranças trabalhando a favor de Serra. Na semana passada, o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, encontrou-se com o deputado licenciado Pedro Henry (MT) e com o deputado, Paulo Maluf (SP) para debater o tema.
Chapas. Além de oferecer a vice para o PP, os tucanos articulam alianças locais que tirem espaço dos adversários, como no Rio Grande do Sul. Lá, o PP pede coligação na chapa proporcional, uma vaga ao Senado e a vice-governadoria para apoiar a reeleição da governadora Yeda Crusius (PSDB). A indicação pelo PP do vice de Antonio Anastasia, na chapa tucana ao governo mineiro, também entrou na negociação.
"O partido está dividido, e a tendência hoje é ficarmos neutros. Têm que haver costuras regionais para atrair o nosso partido", disse o deputado Mário Negromonte (BA), que defende a aliança com o governo federal.
O governo foi ao ataque por meio do ministro das Cidades, Márcio Fortes. Tentou conter a insatisfação dos parlamentares do PP liberando emendas e restos a pagar. Levantamento no Siafi mostra que a pré-candidata do PP em Santa Catarina, Angela Amin, por exemplo, recebeu na semana passada a liberação de R$ 1 milhão. Os recursos saíram na mesma semana em que ela se reuniu com Dilma para definir a situação do PP catarinense.
Jefferson. Em relação ao PTB, o governo tem atuado junto ao Congresso com o líder do partido na Câmara, Jovair Arantes (GO), e os senadores Gim Argello e Fernando Collor, para tentar evitar que a ala pró-Serra, comandada pelo presidente da sigla, Roberto Jefferson, e pelo presidente da legenda em São Paulo, Campos Machado (SP), consiga aprovar a formalização da aliança. O governo avalia que Roberto Jefferson, que em 2005 revelou o escândalo do mensalão e rompeu com o PT, controla cerca de 70% da máquina partidária, o que pesa a favor de Serra.
A ação tem sido diretamente nos Estados onde há jogo com os petebistas. Na semana passada, o governo concedeu a presidência da Conab ao partido, retirando a vaga antes ocupada pelo PMDB. Em troca, os peemedebistas exigiram apoio do PT à candidatura de José Maranhão na Paraíba. No Piauí, o PT local chegou a prometer um ministério ao PTB caso o partido retirasse a candidatura do senador João Claudino ao governo e unisse forças em torno do palanque de Antonio José Medeiros (PT).
Em São Paulo, o PTB deve marchar com os tucanos, mas mesmo assim os petistas insuflam o racha local apostando na união do senador Romeu Tuma (SP), que não deverá ter vaga na chapa dos tucanos, para disputar a reeleição, com o PP do deputado Celso Russomanno, candidato ao governo. A tendência no Estado, porém, é o PTB marchar com Geraldo Alckmin (PSDB) ao governo, mas sem apoio formal - o que para o PT já é suficiente.
Jogo perdido. No mercado da minutagem na TV, o PSC ganhou importância, com seus cerca de 50 segundos. Os tucanos já haviam costurado o apoio da legenda a Serra, negociando, entre outros pontos, participação no governo.
O PT passou a cortejar o partido por meio do deputado Hugo Leal, líder na Câmara. Armaram também o encontro com Dilma na semana que vem. A avaliação do governo é que o PSDB já entrou pesado na negociação com o partido, ligado aos evangélicos, sendo praticamente em vão qualquer interferência política.
"Estamos ouvindo todas as regionais e conversando com PSDB. Há um clima pró-aliança. Mas não há nada resolvido. A decisão será em junho", afirmou o vice-presidente do PSC. O objetivo do partido, disse ele, é eleger pelo menos um deputado em cada Estado do País - a bancada tem hoje 26 deputados. "O apoio hoje tem a ver com a nossa meta de ampliar a nossa chapa de deputados federais", completou Pereira, que em alguns Estados quer a chapa proporcional com legendas maiores. O pastor tinha encontro marcado com Serra ontem à noite em Camboriú.
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