Foto por AP
Depois do México, presidente faz visitas de caráter simbólico a Cuba, Haiti e El Salvador
Roberto Teixeira da Costa, sócio-fundador da Prospectiva, empresa de consultoria na área de relações internacionais, afirma:
- Acredito que a intenção da viagem ao México é azeitar a possibilidade de um acordo comercial mais amplo entre os dois países. O presidente Felipe Calderón vive um momento político difícil. O México é o país da nossa região que mais sofreu com a crise mundial por causa da forte dependência dos Estados Unidos. A visita do presidente Lula é positiva.
O professor Tullo Vigevani, da Universidade Estadual Paulista (Unesp) concorda:
- A relação com o México é muito importante. Esse país é o segundo maior da América Latina em população e em PIB [Produto Interno Bruto, a soma das riquezas produzidas por um país]. Nas relações bilaterais, pode-se aumentar o comércio, mas isso depende da capacidade daquele país de se reerguer, fortalecendo seu mercado interno.
O “tour” pela América Latina do presidente do Brasil começou neste sábado (21) em Cancún, balneário mexicano banhado pelas águas do Caribe. Lá, ele participa da Cúpula da América Latina e do Caribe (Calc) e 21ª Cúpula do Grupo do Rio nesta segunda-feira (22) e na terça-feira (23). Amanhã, Lula chega a Havana, em Cuba. O presidente tem encontro marcado com Raúl e Fidel Castro. Na quinta-feira (25), Lula aterrissa em Porto Príncipe, no Haiti; em seguida viaja a El Salvador, onde se reunirá com Mauricio Funes, primeiro presidente de esquerda do país, cuja mulher é brasileira.
Trata-se de uma visita de cortesia, para agradar o eleitorado de El Salvador, segundo Teixeira.
Já no Haiti a presença do presidente brasileiro é importante, mesmo que rápida. Vigevani diz:
- No Haiti, haverá uma consolidação do interesse pela reconstrução. O problema do Haiti exige um posicionamento internacional mais estruturado. Mas muito dependerá dos próprios haitianos.
Em Cuba, os especialistas são unânimes em afirmar que o problema central do país é sua volta ao cenário internacional. Segundo Teixeira, o Brasil tem capacidade para facilitar inclusive a relação entre Cuba e Estados Unidos:
- Acho que os dois países devem ceder, e o Brasil seria um bom árbitro. Não faz mais sentido esse fechamento de Cuba. Espero que o presidente tenha sensibilidade para tratar desse assunto e não fique apenas passando a mão na cabeça do Fidel e do Raúl Castro.
Não existe liderança regional
Mesmo com toda a influência que o Brasil exerce, os analistas não acreditam em liderança regional.
Para Vigevani, não existe essa liderança:
- Não há lideranças na região porque ninguém reconheceria isso. Claro que uma economia fortalecida, em expansão, atrai. Mas o comércio e as cadeias produtivas regionais ainda são muito débeis. O Brasil pelo seu peso demográfico [a grande população] e econômico tem um papel, sobretudo o de contribuir, inclusive com sacrifícios, para a ideia de integração.
Teixeira acrescenta que para ter liderança é preciso disponibilidade de recursos:
- O Brasil não tem essa disponibilidade de recursos porque nós temos desafios internos muito grandes. Mas é fato que nós somos muito mais respeitados hoje do que éramos no passado, (quanto a) isso não há a menor
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