segunda-feira, 3 de maio de 2010

Chávez se irrita com pergunta sobre cubanos no Exército

FLÁVIA MARREIRO
de Caracas

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, irritou-se ontem com perguntas de uma repórter do canal privado Televen que, entre outros pontos, pediu a ele que detalhasse que funções desempenham militares cubanos nas Forças Armadas do país. "Suas perguntas tem um código, o código Televen [...] A Televen apoiou o golpe de Estado [contra ele, em 2002]", disse Chávez.

O presidente venezuelano respondia a perguntas a repórteres após votar ontem nas primárias de seu partido, o PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), no popular bairro 23 de Janeiro, em Caracas. Frisou que não estava atacando a repórter, mas os donos do canal Televen, o segundo em audiência na TV aberta na Venezuela, a quem disse ter "perdoado" no passado pelo apoio ao golpe.

"Quem dera que canais como Televen se corrigissem... Mas é que têm uma só linha e mandam para cá uma jornalista para cobrir um processo eleitoral e ela não pergunta nada disso", continuou.

Em 2002, os quatro maiores canais venezuelanos -- RCTV, Venevisión, Televen e Globovisión -- apoiaram a tentativa de golpe frustrada contra Chávez. Em 2007, o governo decidiu não renovar a concessão da emissora RCTV, então líder de audiência, por conta do episódio.

Globovisión segue fazendo cobertura abertamente oposicionista ao governo, com spots e jingles anti-Chávez na programação. O presidente do canal, Guillermo Zuloaga, responde processo acusado de vilipendiar Chávez, além de ação sob acusação de fraude fiscal e especulação.

Já a Televen, de Omar Camero, e a nova líder de audiência, Venevisión, do magnata Gustavo Cisneros, reaproximaram do governo e mantêm cobertura considerada mais equilibrada.

Quanto à participação dos cubanos nas Forças Armadas, Chávez respondeu à repórter que "não detalharia". Disse que o mais importante era o trabalho de 30 mil cubanos nas áreas de educação e cultura.

A controvérsia sobre a atuação de cubanos na área de Defesa venezuelana é um tema de crítica frequente da oposição ao chavismo e voltou à tona há duas semanas porque o general Antonio Rivero, na reserva há um mês, disse que a ingerência de Cuba "passa do limite".

Nenhum comentário:

Postar um comentário