segunda-feira, 3 de maio de 2010

Exposição na China vira vitrine de negócios para o Brasil

Na Expo Xangai, governo brasileiro quer atrair investimento direto chinês

Irany Tereza, de O Estado de S. Paulo

PEQUIM - O Brasil transformou sua participação na Expo Xangai 2010 em instrumento de negócios. Mirando no crescimento dos empreendimentos externos da China, que no ano passado movimentou US$ 45 bilhões, o governo tenta elevar o investimento direto chinês no País, que não chegou a US$ 1 bilhão em 2008, segundo dados da Agência de Promoção de Exportações (Apex).

Durante a exposição, que se estende até outubro, deve ser assinado um acordo de colaboração na área de investimentos, focado principalmente nos setores farmacêutico, alimentício e de bens de consumo, como eletroeletrônicos e automotivo. "Pela primeira vez na história, a exposição mundial está sendo usada como plataforma comercial", diz Alessandro Teixeira, presidente da Apex e coordenador da participação brasileira no evento.

Antes responsabilidade do Ministério das Relações Exteriores, a organização do Brasil na Expo passou à esfera do Ministério do Desenvolvimento. Não é uma estratégica isolada. Muitos países, especialmente os emergentes, entregaram a coordenação de suas participações a órgãos de comércio exterior. A China é o hoje o maior exportador mundial.

Estímulo

O governo chinês também estimula a vertente comercial do evento, que por vezes se sobrepõe ao tema oficial "Cidade melhor, vida melhor", discussão sobre o desenvolvimento urbano sustentável. Durante os seis meses de duração da feira, haverá datas específicas dedicadas a cada um dos 192 países participantes, o que deve fazer de Xangai um desfile de comitivas presidenciais e delegações empresariais, uma forma engenhosa de o governo chinês agendar negociações diretas com todos os potenciais parceiros.

O dia do Brasil será 3 de junho, mas outra comemoração está sendo preparada para 7 de Setembro. "Junho é a data que os chineses nos deram. Setembro é a nossa data", disse Teixeira. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve retornar a China num dos dois momentos. O Brasil é o principal parceiro comercial da China na América Latina.

Nos primeiros dois meses deste ano, a corrente de comércio entre China e América Latina cresceu 78%, representando US$ 21,9 bilhões. A subsecretária geral da América e Oceania do Ministério do Comércio da China, Xu Yingzhen, acredita que um salto dessa magnitude indica o fim dos impactos negativos da crise internacional sobre o comércio com a região. Para ela, neste ano será retomada a tendência de crescimento interrompida em 2009.

Xu Yingzhen destaca que o Brasil ganha importância para a China não apenas nas relações comerciais, mas como destino de investimentos. Revela que a Gree, fabricante de eletroeletrônicos já presente no Brasil com aparelhos de ar condicionado, pretende ampliar negócios na área de telecomunicações, e lembra que Huawei, uma das patrocinadoras da Expo 2010, espera elevar investimentos na região.

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