sexta-feira, 28 de maio de 2010

Tucano reitera críticas feitas ao país vizinho

Serra repetiu acusação sobre exportação de drogas da Bolívia para o Brasil e considerou importante 'ação diplomática para frear contrabando'


Elder Ogliari - O Estado de S.Paulo

ENVIADO ESPECIAL
GRAMADO
O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, repetiu críticas à Bolívia durante visita ao 26.º Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde ontem em Gramado, no nordeste do Rio Grande do Sul.

O tucano justificou as afirmações que fez no Rio na quarta-feira, quando acusou o governo de La Paz de cumplicidade com o tráfico de drogas, dizendo que 90% da cocaína consumida no Brasil vem do país vizinho.

Ontem, o tucano disse que está preocupado com o consumo de entorpecentes pela juventude. "A maior parte da cocaína que entra no Brasil vem da Bolívia", destacou. "Você já viu falar de algum controle do governo boliviano com relação a esse contrabando?", perguntou. "Eu nunca ouvi falar, então o que o Brasil deve fazer é conversar com o governo boliviano, fazer gestões, pressionar para que controle a exportação ilegal de cocaína para a nossa juventude."

Estadista. O tucano ficou cerca de duas horas no evento, deixando o local às 18 horas. Ele não se encontrou com a pré-candidata Dilma Rousseff (PT), que também esteve em Gramado, mas rebateu a petista, que na parte da manhã havia dito que a posição de Serra falou sobre a Bolívia "não é papel de um estadista nem de quem quer ser estadista". Segundo o presidenciável do PSDB, "essa é uma questão de estadista, sim, porque mexe com a vida dos brasileiros".

Serra ressalvou que não está propondo nenhuma intervenção dentro da Bolívia. "Eu trato a Bolívia como um país independente, com autodeterminação. Mas, como a Bolívia exporta droga para o Brasil, é impossível que o governo não possa controlar isso, porque não é um caminhãozinho, é praticamente o grosso da droga, da cocaína que se consome no Brasil", disse. "É importante ter ação diplomática decidida, pública, porque só pública é que ela tem efetividade, para frear esse contrabando, do contrário é trololó."

Regulamentação. Ao abordar reivindicações de participantes do congresso, Serra foi mais categórico do que Dilma Rousseff ao tratar da regulamentação da Emenda 29, que deve definir atribuições da União, Estados e municípios na área da saúde e vincular uma parcela dos gastos do governo federal. "Vamos fazer a regulamentação. Se for eu, se eu tiver essa oportunidade, como espero, vamos fazer no começo do ano (2011)", anunciou.

Na sequência, Serra alfinetou a petista, que, antes dele, havia dito que a saúde terá mais recursos graças ao crescimento do País. "O Brasil não cresce 7% ao ano e se crescer, neste ano, divide por dois e (a média) é 3%."

O ex-governador de São Paulo também desdenhou do discurso da pré-candidata petista de que foi a oposição que derrubou a CPMF. "Foi a base do governo que derrubou", afirmou. "O governo tem número para aprovar qualquer coisa."

Ao longo do discurso de mais de uma hora, Serra enumerou ações que liderou e que podem servir de base para o que qualifica de "governo ativista", entre as quais a queda de preços de medicamentos por ameaça de quebra de patentes e a absorção de outras iniciativas no Programa de Saúde da Família.

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