Pré-candidata do PV defendeu a certificação do produto; cineasta James Cameron se ofereceu para fazer campanha da senadora
A senadora Marina Silva (AC), pré-candidata do PV à Presidência, alertou nesta segunda-feira, 26, para o perigo da expansão da produção de etanol no Brasil. "Nós não temos de ser a Opep dos biocombustíveis", disse Marina, em entrevista ao fim de viagem de três dias a Washington.
"Nós vamos produzir o que é possível, sem risco para segurança alimentar e meio ambiente, e transferir tecnologias para outros países, na África e Caribe", afirmou pré-candidata.
Marina defende a eliminação da tarifa americana sobre o etanol brasileiro e abordou a questão em reunião nesta segunda com Maria Otero, subsecretária de Estado para Democracia e Assuntos Globais. Mas ela disse que é preciso certificar o etanol brasileiro, para garantir que o combustível seja sustentável e evitar que concorrentes usem o desmatamento como desculpa para prejudicar o produto brasileiro.
"Não sei por que em oito anos de governo não se fez a certificação do etanol", criticou a senadora. Segundo ela, ao certificar o etanol, é estabelecida uma cota de produção que não vai afetar a segurança alimentar, usam-se critérios de respeito à legislação trabalhista e legislação ambiental. "Isso vai desconstruir o argumento daqueles que usam a questão ambiental para barrar nosso etanol", disse. "Mas se continuarem as mesmas pessoas (no governo), vão ser mais oito anos perdidos."
Marina jantou no domingo, 25, com o diretor do filme 'Avatar', o canadense James Cameron, durante duas horas. Cameron se ofereceu para fazer campanha eleitoral para Marina. "Eu definitivamente faria campanha para ela", disse o diretor do filme que teve a maior bilheteria já registrada no mundo. "Eu e minha mulher somos grandes fãs de madame Silva, seus projetos são muito alinhados com nossas políticas", disse Cameron.
Argumentos
A senadora rebateu críticas de que Cameron estaria interferindo em questões brasileiras ao fazer ativismo ambiental em Belo Monte. "Desde que o Chico Mendes era vivo que a gente ouvia isso. Por que esses gringos vêm aqui socorrer esses índios, esses seringueiros, por que não deixam eles morrerem?" Ela disse ser contra o argumento dos que acusam estrangeiros de destruírem o meio ambiente em seus países e depois quererem dar lições em nações em desenvolvimento. "As pessoas dizem que eles acabaram com a floresta deles no Canadá e agora querem nos ensinar – ora, mas nós devemos aprender com esse erro, não repeti-lo."
Indagada sobre a possibilidade de o Brasil passar por uma crise cambial e fiscal em 2011, como afirmou o deputado Ciro Gomes na sexta-feira, a pré-candidata do PV recorreu a uma resposta vaga. "A questão cambial preocupa, mas os processos que vêm em curso são estruturantes, é possível que continuemos num caminho virtuoso, desde que sem grandes aventuras em relação à política econômica", ponderou. Questionada sobre a suposta necessidade de intervir mais no câmbio para deter a valorização do real, e sobre sua preocupação com o déficit em conta corrente, ela se limitou a repetir um mantra: "Meta de inflação, superávit primário e o câmbio flexível têm de ser preservados."
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